SOCIEDADES SEM ESCRITA

I – Introdução:

     Durante muitos anos os historiadores estabeleceram uma divisão da disciplina História baseados numa perspectiva cronológica e linear, tendo o aparecimento da escrita como o início da História da humanidade.
Isto se deveu em função da própria concepção de História oriunda, sobretudo do século XIX, onde às ciências ficava reservado o papel de bastião da verdade e do conhecimento. Daí termos uma História de cunho positivista, narrativa, comprometida com os grandes eventos, datas e heróis nacionais.
    Nesse sentido, as fontes históricas que serviriam como base para a produção deste tipo de ciência, seriam também elas reveladoras de uma verdade aceita a priori. Nesta concepção, não caberia outro papel ao historiador, profissional responsável pelo estudo da História, que não fosse o de coletar e sistematizar as fontes que trariam todas as informações necessárias. Não caberia aqui qualquer tipo de questionamento aos documentos. Estes, na sua esmagadora maioria documentos oficiais (oriundos de órgãos de Estado), deveriam ser reproduzidos na sua totalidade.
    Assim, a ideia de Pré-história está ligada a uma perspectiva eurocêntrica, evolucionista, partindo da premissa de que as sociedades antes do aparecimento da escrita, por volta do ano 4000 a.C., encontravam-se num estágio inferior da evolução humana. Note que este conceito está atrelado àquilo que se considera “evolução” numa perspectiva europeia.
   Antes de 4000 a.C., ou seja, antes do aparecimento da escrita, os homens viviam, estabeleciam relações com os outros e com o mundo. Sentiam, expressavam esses sentimentos, medos e vivências. Aceitar a denominação deste período como Pré-história, significa também aceitar a noção de que apenas as fontes escritas passíveis de serem trabalhadas pelo historiador. É aceitar também a ideia de que a produção humana nesse período deve ser entendida e apreendida “por fora”, impregnada de preconceitos e da concepção etnocêntrica da História do mundo a partir do continente europeu. Felizmente hoje, como veremos, temos outra opção.

Prof. Rodolfo Ferreira.


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 - Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais